14/05/2013

[Lua de Papel]Novidade "Em Nome do Pai",de Nuno Lobo Antunes


Titulo: Em Nome do Pai
Autor: Nuno Lobo Antunes
N. Páginas: 240
PVP: 16,50€

Em Nome do Pai, o romance de estreia de Nuno Lobo Antunes, será lançado, com a chancela da Lua de Papel, no próximo dia 16 de maio, pelas 18h30, em Lisboa, no El Corte Inglés (piso 7). O livro será apresentado pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa e pelo historiador Rui Ramos.
A fulgurante estreia de Nuno Lobo Antunes na ficção surge agora, após três trabalhos de não-ficção publicados pelo autor, todos bestsellers. Em Nome do Pai é uma obra de ficção que ilumina uma das personagens menos conhecidas da Bíblia: S. José. O pai de Jesus, que nas sagradas escrituras pouco passa de uma nota de rodapé, tem agora uma história, um passado. E um corpo de chocante carnalidade, atormentado pelo desejo, por uma mente demasiado lúcida para aceitar como boas as palavras do Senhor.
Nuno Lobo Antunes apresenta a história de S. José numa perspectiva invulgar: a personagem principal tem de lidar com o facto de Maria estar “grávida de Deus”. O autor molda o romance com o desvelo de um artesão, esculpe cuidadosamente cada frase, reconstitui com rigor a vida nos tempos de Jesus – cria, ele próprio, uma obra de arte. Com a liberdade só permitida aos artífices, faz suas as palavras do carpinteiro, e através delas dá voz a todos os homens que põem em causa os insondáveis desígnios divinos.


Do alto de um outeiro, à sombra da figueira em que Judas se enforcou, São José contempla toda uma vida – a sua, que hoje chega ao fim. É ali que ele irá morrer, naquele pedaço de chão árido, de onde se avista Jerusalém. Faltam-lhe as forças, pesam-lhe os anos, os remorsos, a dúvida. E a raiva também, pois apesar de ter cumprido os preceitos da Lei, foi-lhe negada a paz de espírito. Assim entendeu o Criador, que tomou como Sua a mulher que lhe estava prometida, e nela plantou a semente de um filho bastardo – Jesus.
José não compreende esse Deus, que põe e dispõe dos homens. Questiona o Criador que não respeita a obra criada, que nega o livre arbítrio, que envia o filho à terra e o deixa morrer na cruz, como um ladrão. Por isso hoje, entre o nascer e o pôr do sol, o carpinteiro vai armar-se de razões, e julgar quem de tudo deveria ser juiz.


Excerto
“Maria abraçava a cruz como se a quisesse subir e por suas mãos libertar o filho tão amado. Decerto não compreendia como fora possível este fim, e no seu íntimo amaldiçoava a noite em que plena de inocência, a tomara quem tudo sabe e tudo pode, e a enganara com promessas de grandeza. Propusera-lhe um fruto doce, hoje apodrecido, prestes a ser de vermes o repasto.
Por um instante a mãe olhou o filho, que sobre o fundo do céu desenhava um perfil com asas. Não se pede a um pássaro que sustenha o voo. Ela sabia-o, por isso, antes que caísse o vento, soltou um gorjeio de quem perde, ou se despede.
Jesus afogava-se no azul do céu, e o seu peito desistia. Ofegante como quem tem sede e sorve o ar. Depois aquietou-se, e fui num último suspiro que me pareceu ouvi-lo murmurar: “Meu Pai porque me desamparaste?”.
Então o meu peito ganhou força. Quis correr para ele, dizer que estava presente, chorar o meu pedido de desculpas. Agitei os braços no esforço de voar, mas os meus pés do chão não se soltaram, e invadiu-me o remorso por tê-lo deixado só.
Filho por mim abandonado. Não ouviu a minha voz, a minha mão não tocou a sua. Morreu só o filho de dois pais.”


Nuno Lobo Antunes, nascido em Lisboa, formou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa. Iniciou a carreira como pediatra no Hospital de Santa Maria, cuja Unidade de Neuropediatria viria a coordenar.
Trabalhou cerca de dez anos em hospitais de Nova Iorque (como o Memorial Hospital for Cancer and Allied Diseases e o Presbyterian Hospital) e foi professor auxiliar de Neurologia e Pediatria na Universidade de Cornell.
Director Clínico do CADIn ao longo de vários anos, fundou em 2012 o PIN – Progresso infantil, um Centro para as Perturbações do Desenvolvimento, de que hoje é director.
As suas experiências clínicas, e o modo como as viveu, estão em parte reflectidas no seu primeiro livro, Sinto Muito (2008, publicado também no Brasil e em Espanha). Seguiram-se Mal Entendidos (2009) e Vida em Mim (2011), todos bestsellers. Em Nome do Pai é o seu primeiro romance.

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