Tudo
se passou há tanto tempo, mas ainda me lembro de cada detalhe daquela noite. De
caminhar-mos á beira-mar, de sentir a suave brisa fria que trespassava as
mangas do meu casaco, mas lembro-me melhor ainda do momento em que observava as
ondas do mar a rebentarem, naquele mesmo momento em que me abraçaste para me
proteger do frio. Do tão quente que me senti por estar nos teus braços, de
sentir o calor que emanava do teu corpo, abracei-te também. Sentia-me tão bem
dessa forma, como se nada naquele momento pudesse estragar aquela doce sensação.
Olhei então nos teus olhos e pude entender quase tudo o que se passava na tua
mente. Os teus olhos estavam fixos nos meus e podia entender claramente os
sentimentos que estavas a tentar transmitir. Amor, felicidade, desejo, confusão.
Tudo num instante parecia atravessar-te de uma forma que parecia ser mais forte
que tu.
E
então, sem aviso prévio, as nossas bocas famintas foram-se aproximando. Fechei
os meus olhos no momento em que os teus lábios gélidos pelo frio tocaram nos
meus. Primeiro foi apenas um toque, como se estivesses a experimentar uma nova sensação,
mas depois aprofundaste aquele beijo e eu não te consegui resistir no momento
em que a tua língua acariciou os meus lábios de forma tão terna. Tudo era
mágico, como se os deuses tivessem combinado uma grande festa para aquele
momento, uma brisa um pouco mais forte trouxe até nós pequenas folhas de uma árvore
que estava próxima, mas nem nos apercebemos que tal se passava. Era como se
algo dentro de nós assinalasse o momento em que tuas almas perdidas se
encontrassem finalmente…
Mas
de repente acordei de todo aquele sonho, ainda estava deitada na minha cama,
segurando a caixinha de música que me tinhas oferecido no meu aniversario. “Um
dia, um dia estaremos juntos novamente…”pensei eu ao mesmo tempo que olhava
para a rua escura através da minha janela ao mesmo tempo que uma lágrima caía
silenciosamente pela minha face.
by Ana Luisa Neves
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