05/08/2012

[Entrevista]À conversa com...Cheryl Holt


Esta semana, e porque se aproxima a data da publicação de um novo livro, ficamos à conversa com Cheryl Holt. Em breve temos a oportunidade de ler o livro “Entrega Total” publicado pela Quinta Essência.

Antes da entrevistas deixo-vos apenas alguns dados da autora retirado do site da Wook.pt

Cheryl Holt é advogada, romancista e uma mãe de família que vive em Los Angeles.
Formada em Direito pela Faculdade de Wyoming, trabalhou num escritório de advogados e no gabinete do promotor distrital em Denver antes de se dedicar exclusivamente à escrita.
A autora, considerada a rainha do romance sensual, foi distinguida com vários prémios, designadamente o de Melhor Romancista do Ano, atribuído pela revista Romantic Times Book Reviews. Noites de Paixão foi eleito top pick pela publicação Romantic Times e esteve na lista dos livros mais vendidos do jornal USA Today.

E agora, deixo-vos então à conversa com…Cheryl Holt


1 – Como e quando descobriu o seu amor pela escrita?
R: Eu não diria que descobri o meu amor pela escrita. Sou advogada e tinha tido um bebé. Depois do meu filho nascer assumi que iria voltar imediatamente a trabalhar, mas acabei por voltar a ficar grávida muito rapidamente. Então encontrei-me em casa com dois filhos e nos Estados Unidos fica muito caro colocar um bebé numa creche. O custo de duas crianças seria igual a ter uma segunda renda de casa, então não podíamos colocar os dois.
Então decidi ficar em casa com eles, mas precisava de encontrar algo para restituir o dinheiro que perdi ao abandonar o mundo laboral. Não havia muitas opções para a mulher trabalhar a partir de casa, mas também não me via a vender cosméticos ou sabonetes a partir de casa, e eu era uma dessas pessoas que sempre quis escrever um livro.
Quando comecei a escrever era como um negócio em casa, onde eu podia trabalhar em casa, ganhar algum dinheiro, mas ter um horário livre em que eu podia levar os meus filhos á escola ou ao treino de futebol. Foi um bom arranjo para mim e para a minha família, mas financeiramente foi complicado. Tem sido difícil – ao longo do tempo – viver como artista. Financeiramente, tenho bons e maus anos, acabamos por nunca saber como quais serão os ganhos a longo prazo. Apesar de, em contrapartida, estar sempre em casa com os meus filhos. Eles estão sempre muito ocupados e activos e como posso criar a minha própria agenda, estou sempre disponível para ir ver os teatros da escola ou os jogos de softball.


2 – É difícil escrever um livro? 
R: No início, quando estava a tentar descobrir como escrever romances, foi mesmo muito difícil e stressante. Mas á medida que os anos foram passando foi-se tornando mais fácil. Já escrevo romances há 15 anos e o meu 33º livro foi publicado. Estava a escrever o meu 15º manuscrito quando me apercebi que já não era difícil, nem stressante. Escrever é uma arte e uma pessoa vai aprendendo com a prática – da mesma maneira que se aprende a ser um grande pianista. O processo é o mesmo. Apesar disso, não direi que escrever romances é fácil. Nunca é fácil; É algo trabalhoso e demorado. Mas agora já consigo escrever muito mais depressa e os meus personagens são melhores, os argumentos mais complexos, os meus diálogos são mais divertidos e interessantes. Mas eu tenho praticado durante muito tempo, então tenho-me tornando melhor em tudo isso.


3 – Foi difícil de publicar o seu primeiro livro?
R: Quando comecei a escrever romances eu não sabia nada sobre livros ou sobre a indústria literária. Simplesmente pensei: “Vou escrever um livro e vendê-lo a uma editora de Nova Iorque. Não deve ser difícil.”. O que aprendi com os anos é que é muito difícil escrever um livro – especialmente um que seja bem escrito a apelativo – e é ainda mais difícil encontrar uma editora interessada. Essa foi mesmo uma das partes difíceis. A venda do manuscrito foi então mais difícil do que escrevê-lo.
Quando eu era uma autora nova, comprei vários livros que nos ensina como vender um livro e fornecia nomes e moradas de empresas m Nova Iorque que publicavam livros. Então comecei a mandar o manuscrito para agentes e editoras. Foram precisos quatro anos e sete manuscritos completos antes de a minha escrita ser suficiente boa para conseguir vender um deles.


4 – Como se sentiu quando publicou os seus livros em outro país pela primeira vez?
R: O meu primeiro livro a ser traduzido para uma língua estrangeiro foi um dos meus primeiros romances “Mountain Dreams”. Era um pequeno livro, foi traduzido para dinamarquês e impresso em algumas revistas de romances. Foi muito divertido e excitante aperceber-me que outras pessoas, de outros países, podiam ler o que eu escrevi. Hoje em dia, os meus livros já foram traduzidos em 26 línguas diferentes.


5 – Tem algum episódio particularmente divertido com algum fã?
R: Uma vez recebi uma carta de um fã, era um soldado Americano que estava no Iraque. Ele era um leitor ávido e comprava todos os livros que havia na mercearia da base militar onde estava. No início de cada mês, quando novos livros eram colocados na banca, ele lia rapidamente todos os livros para homens, e então quando não havia mais nada lia tudo o resto. Então, frustrado, começou a comprar também os romances que lá havia e ficou surpreendido por descobrir que ele também gostava muito daqueles livros. Ele tornou-se um grande fã de romances e o leitor ávido desse tipo de livros, mas ele considerava-se um homem muito macho e não queria que ninguém soubesse o seu segredo.


6 – Em que se baseia para construir os seus personagens e os sítios onde as histórias se desenrolam?
R: Quando comecei a minha carreira tentei escrever romances policiais e suspense. Sou advogada e tinha trabalhado como Promotora Criminal, então queria escrever histórias acerca de polícias e criminosos, mas nunca consegui vender nenhum desses manuscritos. Então tentei escrever romances, porque nessa altura as editoras de romances compraram muitos manuscritos de mulheres profissionais, como eu própria, que estavam em casa para tomar conta dos seus filhos.
O período de tempo mais popular para romances é a Regência Inglesa, que se passa durante os primeiros anos de 1800. Não sei a razão, mas é a época preferida dos leitores. Todos aqueles Condes e Duques são tão deliciosos! O meu alvo escolhido foi então o Período da Regência e foi com ele que consegui vender os meus primeiros romances. Devido à maneira como a indústria de publicação nova-iorquina está estruturada, assim que comecei a escrever acerca desse período, tive de me manter assim e continuar a escrever livro atrás de livros para as audiências que gostavam dessa era. Foi uma decisão baseada nas vendas e naquilo que os leitores mais gostavam de ler


7 – Tem algum ritual que a ajuda a concentrar antes de começar a escrever?
R: Não tenho nenhum ritual, mas estou sempre extremamente preparada antes de começar a escrever. Tenho o enredo elaborado até ao mais ínfimo detalhe. Tenho os capítulos bloqueados e os personagens dissecados para que possa compreender toda e qualquer motivação deles. Não deixo nada ao acaso. Quando começo a escrever, sei aquilo que preciso de escrever em cada página.
Também, na noite antes de começar a escrever um novo livro, sento-me com o meu calendário e começo a fazer uma planificação. Assim, não só sei o que vou escrever, mas também quando o irei fazer. No dia que começo a escrever o livro, posso dizer com exactidão em que dia o irei terminar.


8 – O que acha das capas portuguesas dos seus livros?
R: Eu achei que toda a produção do meu livro “Further than Passion”, em português “Noites de Paixão”, foi espectacular. Foi publicado pela editora portuguesa Quinta Essência e penso que foi o mais bonito trabalho produzido que alguma vez vi. A capa é tão adorável, que quando a vemos, ficamos automaticamente com vontade de o ler. É simplesmente a capa mais bonita e o livro mais bonito.



9 – Um dos seus livros vai ser publicado em Portugal durante este mês de Agosto, “Entrega Total” no original “Total Surrender”. O que podemos esperar desta história?
R: “Entrega Total” foi escrito no início da minha carreira. Foi publicado nos Estados Unidos em 2002. Na verdade, apesar de não fazer parte de uma serie, este é o livro “companheiro” de um dos mais aclamados dos meus livros pela crítica, “Love Lessons”. Muitos dos meus fans dizem que o seu livro favorito é “Love Lessons”
Os dois livros contam a história dos irmãos Stevens. A mãe deles é uma famosa actriz de Londres e o pai um Conde – mas devido a restrições da sociedade, os dois nunca tiveram hipótese de se casar. Os dois irmãos são os donos do clube de jogo mais famoso de Londres.
Quando comecei com o género de romance, comecei a escrever romances históricos. Mas o mercado erótico começou a crescer no interesse dos leitores e acabei por trocar para esse género, então comecei a escrever livros mais quentes do que aqueles que escrevia que eram puramente históricos. “Love Lessons” foi o meu primeiro livro erótico e “Entrega Total” foi o meu segundo. Ganhei o meu primeiro premio nacional com “Entrega total”, quando foi escolhido pela Romantic Times Magazine como “O Melhor Romance Sensual do Ano”. Foi também graças a ele que ganhei o tipo, que me tem acalentado ao longo dos anos, de “Rainha do Romance Erótico”.


10 – Tem alguma mensagem especial para os seus leitores portugueses?
R: Estou muito feliz pelos meus livros serem publicados em Portugal e que os leitores possam agora desfrutar dos meus livros em português. Eu espero, eventualmente, que todos os meus livros sejam publicados na vossa maravilhosa língua para que possam apreciar cada deliciosa palavra de todos os divertidos e formidáveis livros.


11 – Tem alguns conselhos para aqueles que querem seguir uma carreira como autor?
R: Para eles tenho alguns pequenos conselhos:

**É muito difícil de escrever um romance e leva anos para aprender como o fazer bem. Apenas poderão aprender a fazê-lo escrevendo e escrevendo e escrevendo. Não há outra maneira de o fazer. Têm de o praticar a todo o instante.

**De forma a tornarem-se em grandes escritores, têm de se tornar em leitores ávidos. Têm de estar constantemente a ler, a todo o instante. Devem ter sempre um livro na vossa mão, estejam sentados num comboio ou na fila da caixa do supermercado, ou à espera que os vossos filhos terminem a lição de natação. Devem ler tudo aquilo que vos interessa, senão lerem a todo o momento, nunca irão aprender o que realmente está a vender e também nunca se tornaram grandes escritores.

**Juntem-se a grupos de escrita.

**Leiam acerca da indústria. Aprendam tudo aquilo que conseguirem. Aqui nos Estados Unidos, a indústria literária implodiu devido á má economia, então tudo muda muito rapidamente. Quando pensamos que sabemos tudo durante este mês, no próximo já estará tudo errado. Leiam, falem com outros autores, peçam conselhos, descubram-se. Se um editor vos descobrir entretanto, querem que ele perceba que vocês sabem o que estão a fazer.

** Nos Estados Unidos, com a explosão das novas tecnologias como o Kindle ou o Nook, há novos caminhos para que os escritores consigam chegar com o seu trabalho aos seus leitores. A indústria está a mudar tão rapidamente que é difícil para os escritores se manterem actualizados com todas estas mudanças.
Mas o problema para os escritores mantem-se o mesmo quando a nossa única chance era os livros impressos. Temos de começar com uma história incrível e terminar com um incrível final e, temos que descobrir formas dos leitores nos descobrirem e observar aquilo que fazemos. Como se consegue fazer com que comprem o vosso livro em vez do livro de outra pessoa? O Amazon tem cerca de 2 milhões de livros para Kindle. Como alguém consegue encontrar-vos?
Faço constantemente essa pergunta a mim própria, mas é a mesma pergunta que fazia antes quando escrevia livros que seriam impressos. Temos que aprender a fazer publicidade de nós mesmos e o marketing demora mais tempo do que escrever um livro, quando precisamos de nos focar na escrita. A boa notícia é que os e-books estão a florescer, há muitas, muitas pessoas a começar novos negócios que vos poderão ajudar com as capas dos livros, com a edição e o marketing dos mesmos. Encontrem pessoas que vos possam ajudar. Contratem-nas. Usem-nas para que possam vencer.



Agradeço à autora Cheryl Holt que tão gentilmente aceitou o meu convite e se mostrou disponível para esta entrevista.
Um muito obrigado e a todos que leram, espero que tenham gostado.

2 comentários:

  1. Muitos parabéns pela entrevista, uma excelente referência para leitores, críticos e futuros escritores.

    ResponderEliminar
  2. Adorei a entrevista ;) certamente, uma inspiração para leitores, aspirantes a escritores e a bloggers

    ResponderEliminar

@Way2themes

Follow Me