E a
nossa rubrica “À conversa com…” está de volta e hoje temos uma entrevista com a
nossa querida Sherry Thomas.
Penso
que todas nós (ou quase todas) já lemos algum livro desta fantástica autora que
são publicados no nosso país pela Quinta Essência, mas quem não a conhece deixo
alguns dados sobre ela:
Sherry
Thomas entrou em cena no mercado literário com o livro Private Arrangements (em
português, “Um Amor Quase Perfeito”) que foi considerado o Melhor Livro
Publicado da Semana, em 2008 (Publisher Weekly Best Book of 2008) . Os dois
livros seguintes, “Not Quite a Husband” (ainda não publicado no nosso país) e
“His At Night” (em português "Promessas de Amor") foram vencedores do
prestigiado premio RITA para a categoria de Melhor Romance Histórico em 2010 e
2011. Lisa Kleypas deu-lhe o apelido de “a mais poderosa e original autora de
romances históricos dos nossos dias”.
A
sua história é a mais interessante, pois o inglês é a segunda língua de Sherry.
Ela adora descortinar o núcleo emocional das suas histórias ao máximo e quando
não está a escrever, ela joga computador com os seus filhos e lê os melhores
livros que consegue encontrar.
(in http://sherrythomas.com
)
1 - Como
e quando descobriu o seu amor pela escrita?
R:
Eu fui descobrindo o meu amor pela escrita ao mesmo tempo que escrevia livro
atrás de livro.
Sempre
gostei de escrever e sempre tive confiança acerca da minha relação com as
palavras, mas para mim escrever nunca foi um passatempo, para isso sempre
preferi a leitura. Então um dia, quando o meu filho mais velho era muito
pequeno, li um romance que me fez suspirar com desânimo. Nesse dia decidi, como
se um raio me tivesse atingido, tentar a minha sorte e escrever os meus próprios
romances. O meu motivo principal era económico: queria ter uma forma de ganhar
algum dinheiro ao mesmo tempo que estava em casa com o meu filho.
O
que se sucedeu foram oito anos sem fazer dinheiro, enquanto escrevia
manuscritos atrás de manuscritos que não conseguia vender. Mas, por estranho
que pareça, não desisti e continuei mesmo assim. O tempo nunca passa demasiado
depressa enquanto escrevo e também não há mais nada que queira fazer. E sempre
que tenho um problema com algum livro, nunca desisto de escrever. O que mais
quero é escrever mais outro livro.
E
isso é amor, certo? J
2 –
É difícil de escrever um livro?
R:
Para mim o mais difícil não é escrever um livro, mas sim, escrever um bom
livro.
Não
sou muito dada a dúvidas, nem demasiado crítica com o meu trabalho. Mas apesar de
esta ser uma linda perspectiva de tudo não quer dizer que tenha tendência a
gostar do meu próprio trabalho. Nem sempre sou a melhor juíza para julgar os
meus manuscritos e requisito sempre a participação cruel e justa do meu parceiro
editor/agente/critico para me dizer: “Não, isto não está a resultar. Faz
melhor!”
Então
eu vou e escrevo um novo rascunho e o processo repete-se. Algumas vezes preciso
de refazer o manuscrito uma dúzia de vezes para ficar perfeito, mas isso para
mim é natural.
(Diferentes
autores passam por diferentes processos. Tenho uma boa amiga, por exemplo, que tem
dificuldades em escrever o primeiro rascunho, mas quando o faz ela nunca
precisa de fazer grandes ajustes de texto. Eu, pelo contrário, preciso sempre
de o fazer diversas vezes para ficar realmente bom)
3 –
Foi difícil de publicar o seu primeiro livro? Quer contar-nos um pouco sobre
isso?
R:
Não tenho a certeza se a publicação do meu primeiro livro possa ser considerada
difícil, pois foi apenas longa. O meu primeiro manuscrito (Um Amor Quase
Perfeito) precisou de 18 meses para ficar completo, eu tinha um filho muito
pequeno na altura e tudo demorava mais tempo a ser feito. Quando o terminei foi
enviado para uma dúzia de agentes literários em Nova Iorque e nenhum pensou que
estivesse preparado para ser publicado.
Mas
eu continuei e escrevi mais historias, que também não quiseram. Passaram cinco
anos e um dia, enquanto estava a limpar o quarto onde eu escrevia, encontrei
uma cópia impressa do manuscrito de Um Amor Quase Perfeito. Li algumas páginas,
depois mais algumas e a escrita fez-me estremecer, mesmo assim eu gostava da história
central, a de um terrível erro e as suas consequências.
Decidi
reescrever a história do início, deixando apenas os nomes dos personagens e a
origem do conflito. Oito meses depois enviei uma única carta, pois eu andava a
seguir o blogue de uma nova agente literária e sentia que ela era perfeita para
mim. Não queria solicitar mais ninguém a não ser que ela me rejeitasse.
Felizmente,
ela não me rejeitou, muito rapidamente me aceitou e pouco tempo depois estava a
vender o meu livro. Desde aí que temos trabalhado sempre juntas.
4 –
Como foi que se sentiu quando viu o seu livro pela primeira vez na janela de
uma livraria?
R:
Na verdade eu não saí de casa para procurar o meu livro nas janelas das
livrarias no dia em que o meu primeiro livro foi publicado. Mas claro que vi
mais tarde. Para mim, saber que o livro estava nas ruas já era suficiente. J
5 –
Há algum momento particularmente engraçado com algum fã que queira partilhar
connosco?
R:
Recentemente, eu estava numa conferência e uma das participantes pediu-me para
descrever o meu livro “O Fruto Proibido”. Quando lhe estava a contar acerca das
cenas que se passavam na banheira, a senhora que estava sentada ao lado dela
perguntou-me “E era você?”
Ela
tinha ouvido falar acerca dessas mesmas cenas como exemplo erótico durante um
workshop de escrita criativa, mas a única coisa que ela se recordava acerca da
aula era apenas o ponto em que era mencionado o nome do livro. Então desde aí
que ela andava a tentar descobrir quem era o autor. Ela comprou o livro, leu-o
durante a noite e escreveu-me a contar o quanto tinha gostado J
6 –
Durante o tempo de intervalo em que se senta na cadeira e começa a escrever,
tem algum tipo de ritual para ser mais fácil concentrar-se naquilo que está a
fazer/escrever?
R:
Eu costumo jogar jogos simples, especialmente daqueles que têm tempo certo de
resposta. Eles fazem o meu cérebro ficar em branco rapidamente e então começo a
escrever.
7 –
Qual a base que usa para construir os seus personagens e os sítios onde as
historias se desenrolam?
R:
Isso depende da história. No meu livro “Not Quite a Husband”, que ainda não saiu
em Portugal, eu tive de usar um sítio bastante distante, porque a história
requeria terrenos e situações perigosas. Em “O Fruto Proibido”, a cozinha é o sítio
central, pois a heroína é cozinheira.
Para
as personagens, é normal eu lutar com o livro e perguntar-me porque não está a
chegar ao ponto de carga emocional que eu queria, e então acabo por verificar
coisas acerca das minhas personagens que eu própria ainda não tinha descoberto
antes. Muitas vezes essas descobertas tem a ver com o quanto eles se amam
realmente, ou acerca da sua moral e até mesmo o quanto se sentem sozinhas no
inicio da historia enquanto mantêm um aparência de felicidade.
8 –
Tem alguma mensagem especial para os seus leitores Portugueses?
R: Eu
adoro os meus leitores portugueses. E adoro também a minha editora portuguesa
que me tem dado as capas mais bonitas que até agora tive na minha carreira.
Espero que mais livros meus fiquem disponíveis em Portugal e eu continuarei a
escrever mais livros para que os meus leitores portugueses possam aprecia-los.
9 –
Tem algum conselho para aqueles que querem seguir uma carreira como escritor?
R:
Tenham a certeza que o vosso amor pela escrita é verdadeiro e profundo e que daí
retiram uma felicidade imensa, porque a carreira como autor é cheia de subidas,
descidas e de todos os tipos de incertezas. Então a única maneira de desfrutar
da vida como autor, pelo menos do meu ponto de vista, é gostar de fazer o seu
trabalho.
Um
muito obrigado à Sherry Thomas por se ter mostrado tão disponível para que esta
entrevista fosse possível!
Adorei e adoro Sherry Thomas!!!
ResponderEliminar:)))
Uma das minhas autoras favoritas, espero que continuem a apostar na tradução dos seus livros.
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