22/06/2018

[Porto Editora]Opinião "A Minha Avó Pede Desculpa", de Fredrik Backman


A Minha Avó Pede Desculpa, de Fredrik Backman

Elsa tem sete anos de idade, quase oito, e é diferente. Para já, tem como melhor - e única - amiga a avó de setenta e sete anos de idade, que é doida: não levemente taralhoca, mas doida varrida a sério, capaz de se pôr à varanda a tentar atingir pessoas que querem falar sobre Jesus com uma arma de paintball, ou assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste. Todas as noites, Elsa refugia-se nas histórias da Avozinha, cujo cenário é o reino de Miamas, na Terra-de-Quase-Acordar, um reino mágico onde o normal é ser diferente.
Quando a Avozinha morre de repente e deixa uma série de cartas a pedir desculpa às pessoas que prejudicou, tem início a maior aventura de Elsa. As cartas levam-na a descobrir o que se esconde por detrás das vidas de cada um dos estranhíssimos moradores de um prédio muito especial, mas também à verdade sobre contos de fadas, reinos encantados e a forma como as escolhas do passado de uma mulher ímpar criam raízes no futuro dos que a conheceram.
A minha avó pede desculpa é uma belíssima história, contada com o mesmo sentido de humor e a mesma emoção que o romance de estreia de Fredrik Backman, o bestseller internacional Um homem chamado Ove. 

A minha avó pede desculpa…
Bem, confesso que ainda não encontro as palavras corretas para descrever este livro. Alguém como eu, que se encontra num período da vida em que está prestes a perder a avó encontra em Elsa uma pequena parte de si.
O que é uma avó? O que ela representa para nós? Qual a parte de dela que vai ficando connosco e que nos vai marcando ao longo das nossas vidas?
A Elsa é uma menina especial, demasiado inteligente para a sua idade e com características muito próprias que vai fazendo com que sofra de bullying na escola.
Desde o inicio da história que esta personagem me fascinou e, ao longo de todo o livro, vai marcando a sua presença de uma forma excecional. Já passaram umas semanas que o li e ainda me custa comentar alguns aspetos que me foram marcando ao longo da leitura. Não é um livro difícil de ler, pelo contrário, apresenta-se uma leitura fluida e com uma história que nos deixa presos e com aquela curiosidade de conhecer o que vai acontecer de seguida. É como uma caça ao tesouro (literalmente), uma aventura que nos leva a recordar a infância e a desejar voltar aqueles momentos em que tudo era bem mais simples. E aquela história que no inicio de apresentava simples vai-se transformando em algo maior, com momentos inesquecíveis e personagens secundárias fantásticas e que têm uma posição de grande importância no livro, mostrando claramente os seus pontos de viragem e permanecendo de uma forma marcante em toda a trama. Estes são pessoas com histórias de vida diferentes, personalidades muitos distintas, mas que em determinados pontos dos seus percursos foram tocados por alguém muito especial e que lhes mostrou aquilo que tanto necessitavam. A avozinha era uma pessoa muito especial e que só poderia ter uma neta extraordinária e que nunca iria deixar que o seu legado fosse perdido.
Este foi o primeiro livro que tive oportunidade de ler deste autor, mas tenho a sensação que não será o último. A forma como este criou toda a trama mostra uma genialidade e simplicidade imensa, uma pureza de alma extrema e que me deixou com a vontade de conhecer mais um pouco do seu trabalho. Fico à espera da próxima publicação…

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